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  • Foto do escritorAlexandre Pilati

Tangente do cobre - lírica e ficção


"Dar à verdade seu peso. / Já é muito em dias de cão". Esses são os versos com os quais o poeta Alexandre Pilati abre Tangente do cobre, coletânea de poemas recém lançada pela Editora Laranja Original. De alguma forma, os versos sumarizam a poética do livro, que busca interpretar uma realidade caótica atribuindo-lhe algum sentido de verdade, que possa orientar uma perspectiva transformadora da vida. As tensões fundamentais do presente e da história são a base das experimentações literárias que caracterizam a poesia deste quinto livro de poemas de Pilati.


Diferentemente dos livros anteriores, em que a voz poética revelava-se organizada em um centro lírico reconhecível como único, em Tangente do cobre o autor buscar abrir os limites da lírica a mecanismos de ficcionalização da voz poética. Assim é que o leitor poderá ouvir nos poemas diversas dicções e personagens agindo, falando, pensando, amplificando o diálogo entre o contemporâneo e o clássico: de Karl Marx a Amy Whinehouse; de Safo à anônima Ramona, a "rainha da República".


Como afirma o poeta Ronaldo Cagiano, autor da orelha da obra, trata-se de "leitura epidérmica, que remete à sensação sinfônica de um coral de vozes, regido pela força semântica de uma dicção que atravessa variações temáticas e desnuda um universo criativo em que as referências estéticas, a transculturalidade, a memória e o diálogo com outros autores e obras realçam a dimensão intertextual desse conjunto cuja matéria é o mundo fundado na palavra que o rege."


Em Tangente do cobre, verifica-se a maturidade do processo de busca pela poesia de Pilati, cuja característica principal é a perspectiva política com a qual o poeta observa o real e o transfigura através dos elementos mais intensivos da poesia. As três partes do livro evidenciam isso de modo diverso. Na primeira parte, intitulada "Conjuntura", ressalta-se o lirismo empenhado com mirada crítica sobre o caos do mundo no início do século XXI. A segunda parte, chamada "Você volta pra ela", convoca a expressão lírica a uma combinação com a dimensão do ficcional, para exibir ao leitor uma galeria de personagens que assumem, em seus perfis, as contradições da realidade social. Por fim, em "Bate outra vez", terceira parte da obra, o poeta retoma símbolos e recursos ligados à tradição da lírica meditativa e sentimental para problematizar o mundo a partir de um viés mais subjetivo.


Com todas essas características, Tangente do cobre é uma obra que deixa marcas no leitor, porque carrega profundamente as marcas do "nosso tempo". Conforme bem resume Ronaldo Cagiano, o livro nos presenteia com "uma poesia que se impõe pelo meticuloso repertório, arte de alta voltagem e impactante eficácia comunicativa."


A obra está disponível no site da Editora Laranja Original.

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