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  • Foto do escritorAlexandre Pilati

Há poesia



Há Poesia quando se acham, em coerência, tema, linguagem e sentido do Tempo. Encontra-se, sem dúvida, Poesia, e muita!, nos treze poemas de "Asas plumas macramê", terceiro livro de

Diana Junkes. Nele mundo natural, universo íntimo e mundo político se entrelaçam em uma linguagem que busca o instante da delicadeza contra a tempestade brutal da barbárie, ordem do dia nacional. Eros e tânatos se esbatem em formas de precisão nesta poética que atravessa e costura ódio e amor, destruição e criação, nos abastecendo com alguma esperança; destituída, porém, de ilusões. Tudo fica envolvido por um desejo de real posto na tela onde se projeta o necessário porvir: "é quase ocaso mas há tempo para a mar", diz a autora, convidando-nos a seu mar no feminino. Sente-se um norte imperioso nos poemas: que o Anjo de Klee, como lido por Benjamim, possa olhar além do monte de lixo, e possa sentir a pletora de orgasmos que a espuma da maré estende em infindos macramês. Uma hora a poesia chega e decreta-se incontornável; aí ela é capaz de anunciar que só as mãos humanas constroem o futuro que é necessário e necessariamente vermelho. No fim da vida, Marx disse que "a luta é a lei do ser"; que nos seja permitido dizer, antes que se acabe a vida, "a poesia é a língua da luta, e o seu caminho". Busquem e leiam o livro, que, de quebra, ainda traz um preciso posfácio de Chantal Castelli e sumiê por Suely Shiba.

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